Obra do engenheiro Téophile Seyrig, construída há 129 anos pela Casa Eiffel, é um dos monumentos do Porto mais admirados no Mundo inteiro.
Desactivada há 15 anos - desde que foi substituída pela moderna ponte de São João, em Junho de 1991 -, a ponte D. Maria Pia, no Porto, continua, aos 129 anos, sem saber o que lhe reserva o futuro, ignorando-se, também, que os terrenos que a emolduram possibilitam um dos mais idílicos panoramas sobre a cidade.
A última operação de conservação foi feita há mais de 15 anos, e a limitação da durabilidade do material em que foi construída (aço de poludagem, um material que já não se usa, e que cruza entre ferro e aço), levará a que qualquer dia comece a ceder.
A REFER, prometeu um plano para a ponte antes do fim do ano, mas ainda não está em condições de o fazer.
Uma vez que a ponte não está a ser utilizada é normal que a REFER não se sinta confortável a continuar a investir dinheiro na sua manutenção, porque é muito caro. A última pintura, realizada nos anos 80, ficou-se pelos 30 mil contos.
A ponte Maria Pia, que em 1982 foi classificada pelo Instituto Português do Património (IPPAR) como Monumento Nacional, tendo-lhe sido atribuída, oito anos depois, a designação de Internacional Historie Civil/Engineering Landmark, pela American Society of Civil Engineers, parece estar destinada a não passar de um monumento de arqueologia industrial admirado no Mundo todo, mas sem vida.
Fora propostas várias hipótese de reutilização - mantê-la como ligação ferroviária para um comboio turístico entre a alfândega do Porto e as caves de Gaia; reconvertê-la numa pista ciclopedonal; transformá-la numa linha de eléctrico com vocação turística, que ligasse os jardins do Palácio de Cristal ao Convento de Santo António, no vale da Piedade, em Gaia; incluir a sua estrutura na rede de metro; ou simplesmente instalar infra-estruturas destinadas à restauração ou a um miradouro -, todas acabaram por ser abandonadas.
Construída entre Janeiro de 1876 e Outubro de 1877, a materialização da ponte - a primeira grande obra de Gustavo Eiffel - representou uma revolução. Pela primeira vez, os apoios intermédios foram substituídos por um arco, cujo vão, na época, bateu o recorde 160 metros.
Foi executada por 150 operários e custou 300 contos. Desempenhou um papel primordial na rede de transportes e de comunicações que o país estava a organizar, sendo a primeira travessia ferroviária a unir as duas margens do Douro.
Esteve em serviço 114 anos; hoje ninguém sabe o que fazer com ela.