sexta-feira, março 31, 2006

O DIREITO AO TRABALHO

Continuam, aparentemente sem quebra de adesão, os protestos de rua em França contra o chamado Contrato Primeiro Emprego, que, a ser instituído, autoriza os Empregadores Franceses a contratarem Jovens com menos de 26 anos, podendo despedir os mesmos nos dois anos subsequentes á contratação, sem justa causa.

O valor “Estabilidade Laboral” é um valor de cariz essencialmente Europeu, na vertente Franco-Germânica. E justificava-se porque na Europa, ao contrário dos E.U.A. e Japão, p.e., não há um tecido sócio económico e empresarial que garanta uma rápida absorção dos trabalhadores, qualificados, que não tenham emprego.

Assim, para se evitarem males, alegadamente, maiores (o desemprego) sacrifica-se a produtividade empresarial (ainda que o trabalhador não seja bom ou eficiente, não pode ser despedido por isso) e a leal concorrencia entre tabalhadores qualificados.

È uma postura das Leis de Trabalho que tem mais de 150 anos. E remonta à terceira Revolução Industrial, em meados do sec. XIX., quando começaram a surgir os escritos de Carl Marx, e a Bula Papal de Leão XIII Rerum Novarum, sobre as condições dos trabalhadores.

Só que 2006, está muito longe de 1867, e as visões da economia e do trabalho mudaram radicalmente. A Europa mudou e as consequências a nível de produtividade e competitividade estão á vista de todos.

Tal valor absoluto da “Estabilidade no Trabalho”, tem que ser mudado.

Deve ser garantido, sim e a todos, um “Direito ao Trabalho”. E é este “Direito ao Trabalho” que deve ser considerado Sagrado.

È impensável, numa visão Económica e sobretudo Social, que um trabalhador que não presta não posa ser despedido.
Esse trabalhador, que não presta, não só não está a produzir nada, como, o que é mais grave, está a ocupar um lugar que muitos outros desempenham melhor que ele e não têm trabalho, porque as leis que temos não lhes dão oportunidade.

A Visão e Postura “Um emprego até á reforma”, é dramaticamente redutora.
Não só relativamente às capacidades de produção duma economia, como é castrante de toda e qualquer ambição de alguém que seja qualificado e bom e não consegue aceder ao mercado de trabalho porque os maus trabalhadores lhe ocupam o lugar, sem que os Empregadores se possam desfazer deles.

O C.P.E francês foi uma pedrada no charco, muito necessária e essencial para a Economia Europeia.
A reacção francesa de uns quantos (muitos ao que parece), mereceu os mais rasgados elogios na Alemanha, onde se louvou a coragem de um Governo vizinho e se escreveu nos jornais e Revistas: “Jovens Franceses com mais garantias de trabalho no futuro”.

È exactamente isto que as sociedades actuais necessitam: Garantias de Trabalho.
Quem é Bom não necessita mais do que isso: Garantias de Trabalho.
A garantia da sua estabilidade parte da sua capacidade. De facto haverá algum Patrão que pense em despedir um Trabalhador que seja Bom e Produtivo?

E no que toca aos manifestantes Franceses há uma pergunta “quematormenta”:

Se se perguntasse a um Desempregado (de qualquer nacionalidade), “queres um Trabalho onde podes vir a ser despedido nos primeiros dois anos, sem justa causa, ou queres continuar desempregado?” qual pensam que seria a resposta mais natural e obvia?

8 Comments:

At 2:51 da tarde, Blogger Unknown said...

Depende...se perguntares aos que estão no desemprego remunerado, todos eles te responderão que preferem estar no desemprego, porque trabalhar faz calos, agora se perguntares a quem nada recebe e não tem medo de trabalhar e mostrar o que vale, obviamente que te responderão que preferem o emprego, ainda que correndo o risco de puderem vir para a rua alguns meses depois...
Beijo

 
At 6:57 da tarde, Blogger Cucagaio said...

O EUA tem uma liberdade contratual bastante grande e são a primeira economia do mundo. Aqui na Europa, segundo o JN Negócios (dia 30/03/2006) a Dinamarca é um dos países onde o trabalhador tem menos "direito" ao trabalho, no entanto é um dos países da UE com a menor taxa de desemprego.
Se isto serve de referência, então mudem as regras.
Pessoalmente, não acredito na reivindicação dos sindicatos quando dizem que o trabalho é um direito. O trabalhador simplesmente com um aviso prévio pode vir embora quando quiser. Porque é que, o empregador não pode fazer o mesmo, aí Galo Rouco, estamos de acordo, quem quer trabalho que mostre competência e nunca ficará desempregado. Quanto a questão final, se a pregunta é feita em Portugal, desde já a resposta é melhor ficar em casa a receber o fundo de desemprego.

 
At 7:07 da tarde, Blogger isabel said...

Apetece-me chocolate!!!
Deliciar-me com chocolate!!!!!!!!

Raios partam os americanos mais quem os inventou!!!

Beijinhos

 
At 10:31 da tarde, Blogger mixtu said...

excelente ensaio...
situação complicada, em toda a europa,
abraços

 
At 1:54 da manhã, Blogger Arrebenta said...

Vai ser interessante, quando se descobrir que, por detrás das manifestações francesas, está o Novo Código Emergente... Chinês :-\

 
At 10:32 da manhã, Blogger Voice_Of_The_Opressed said...

Infelizmente é a realidade desta uniaão europeia cujo unico objactivo é ser alternativa economica e não social aos EUA, qq dia teremos de pagar para trabalhar, como disseste o direito ao trabalho deve ser considerado um valor inalienavel, e igualemnte o direito ao mesmo com dignidade

 
At 2:44 da tarde, Blogger maria inês said...

há 1 desafio no http://donodaloja.blogspot.com/, para todos:)

 
At 11:56 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Há que haver sensatez de ambas as partes, porque o mundo laboral actual é muito exigente e vai sofrendo mutações constantes.
Claro que mais vale ter um trabalho instável do que não ter nenhum, mas é sempre relativa esta resposta.
Um abraço,

 

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